Bilhões, TikTok e data centers: o mundo girando — e a gente capotando

Dia desses o noticiário parecia mais um roteiro distópico com dados em tempo real: bilhões pra lá, regulações pra cá, e a sensação de que tudo está mudando rápido demais enquanto a gente tenta entender onde é que se encaixa nesse tabuleiro global. Mas calma, vamos tentar não surtar. Vamos conversar.

No Brasil, uma das grandes pautas foi a regulação do TikTok. O debate está pegando fogo, com discussões sobre transparência de dados, conteúdo para menores de idade e desinformacão. De um lado, especialistas defendem que redes sociais precisam sim de regras mais claras, especialmente quando a plataforma tem uma presença tão forte entre adolescentes. De outro, há preocupação com censura e falta de critérios objetivos sobre o que é considerado conteúdo “prejudicial”. A discussão segue no Senado, com audiências públicas previstas para o segundo semestre de 2025.

Enquanto isso, lá do outro lado do mapa, a Arábia Saudita anunciou um pacote de 620 bilhões de dólares em investimentos nos EUA, sendo 600 bilhões destinados à área de segurança e 20 bilhões para infraestrutura de data centers, com foco em IA. Pra quem não está familiarizado, data centers são basicamente os grandes centros que armazenam e processam todos os dados digitais do mundo. São eles que mantêm os sistemas de IA rodando, de ferramentas como o ChatGPT até sistemas hospitalares, bancos e plataformas de streaming.

Esse tipo de investimento muda completamente o cenário da tecnologia global. Com mais data centers, os EUA aumentam sua capacidade computacional e de armazenamento, o que acelera o desenvolvimento de novos modelos de IA, automação, robótica e… poder geopolítico. Porque, no fundo, quem detém os dados, detém as decisões. E quem controla a infraestrutura, controla o futuro. Não é exagero.

Mas aqui entra a parte que me incomoda muito: como é que ainda estamos investindo meio trilhão de dólares em guerra e apenas uma fração disso em tecnologia, e quase nada em soluções sociais básicas? Com menos de 10% desse valor (cerca de 60 bilhões) daria pra erradicar toda a fome mundial em todo o ano de 2025 — segundo a ONU. Isso sem falar em saneamento, acesso à internet, energia limpa… a lista é longa, e os recursos existem. O que falta é prioridade. E talvez, empatia em escala política.

O que a gente vive hoje é um mundo onde o capitalismo global está cada vez mais concentrado. Poucos lucram muito. E muitos estão exaustos. A dopamina rápida do TikTok e a urgência de monetizar cada segundo do dia escondem uma verdade mais crua: é muito difícil manter pensamento crítico quando a gente está tentando só sobreviver. Burnout, ansiedade, desinformação. Tá difícil até lembrar o que é descanso. E a última coisa que a gente tem é energia sobrando pra organizar revolução, concorda?

Mas, gosto de pensar que nem tudo está perdido. Trabalhar com tecnologia & psicologia, de algum modo, é olhar pra dados e pra humanidade ao mesmo tempo, e é também um ato de resistência. Quando a gente entende como o mundo funciona (mesmo que em partes), a gente se prepara pra navegar melhor nele. E se nós pudermos compartilhar isso com mais pessoas, melhor ainda.

E se você chegou até aqui, talvez a pergunta que fique seja: “ok, mas o que eu posso fazer no meio desse turbilhão todo?” A resposta não é mágica, mas começa pequena: se informar melhor, consumir conteúdo com mais calma, buscar fontes confiáveis, aprender como a tecnologia realmente funciona. Dados não são só números — são sobre vidas, contextos, decisões. E se a gente conseguir traduzir isso em linguagem acessível, compartilhar com quem não teve a mesma chance de estudar, ensinar o que a gente aprende, já é um jeito de distribuir poder. Não resolve tudo, mas já muda o jogo um pouquinho. Porque no fim, o mundo não vai melhorar porque todo mundo virou hacker da IA — mas talvez melhore se mais gente conseguir entender, criticar e usar a tecnologia com consciência.

Porque no fim das contas, como já falamos em outros textos aqui no blog, conhecimento continua sendo uma das poucas coisas que, quando a gente reparte, não diminui: multiplica. E talvez, nesse caos todo, a gente ainda consiga encontrar saídas coletivas.

A gente se vê no próximo insight. 🙂

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